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Vagão de transporte de valores vira sucata em Ponta Grossa

Vagão pagador, em antigo pátio da RFFSA, em Ponta Grossa
Foto: José Aldinan / Diário dos Campos

A história do desenvolvimento de Ponta Grossa está intimamente ligada à chegada e utilização das ferrovias. Durante décadas, era através dos trilhos que ocorria a movimentação de pessoas e produtos. Um dos principais pontos de referência dessa história é o antigo pátio da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), que ficava no Bairro Oficinas. O local atualmente está sem utilização. Entre uma pauta e outra, o fotógrafo do Diário dos Campos, José Aldinan, flagrou ali um vagão diferente.

O vagão possui grades em suas janelas e, mesmo danificado pela ação do tempo e de um dos incêndios ocorridos no local, ainda guarda características singulares. “Seria para o transporte de detentos entre uma prisão e outra?” Foi a pergunta que surgiu na redação do DC, composta por uma equipe que, em sua maioria, não viveu os tempos de viagem de trem. Na verdade, trata-se de um “vagão pagador”.

Foto: José Aldinan / DC

O vagão pagador

Quem respondeu à questão foi Ariel Albach. O ponta-grossense conhece bem o modelo do vagão. E não é à toa. Albach trabalhou nas ferrovias, em diferentes funções. Segundo ele, esse era um tipo de vagão ferroviário utilizado para transportar dinheiro destinado ao pagamento de funcionários das ferrovias e outras operações financeiras. Esses vagões eram fortemente protegidos, já que carregavam grandes quantias em espécie. O uso deles foi, inclusive, tema do clássico filme “O assalto ao Trem Pagador” (1962).

“Ele foi mais utilizado, provavelmente, até 1985. Depois, de 1992 a 1995, quando o transporte de valores ou a ser feito de outra forma, esse vagão ou a transportar diversos outros tipos de materiais”, contou Albach à reportagem do DC.

Incêndio atingiu vagão pagador recentemente – Foto: José Aldinan / Diário dos Campos

Manutenção de vagões

Ariel Albach trabalhou na RFFSA a partir de 1985, e recorda que esse vagão quase já não era mais usado. O ticket-refeição e o vale-transporte dos funcionários, antes transportado pelo vagão pagador, ou a ser levado por empresa terceirizada àquela época. Ele sabe disso porque fazia a manutenção de vagões.

“Estudei marcenaria no Senai e entrei na [área de] marcenaria na oficina de reparação de vagões. Reformava vagões iguais a esse. Depois fui pintor de vagão e locomotiva. ei em concurso interno e atuei como segurança patrimonial nos trechos Uvaranas-Arapoti, Uvaranas-Reserva, Uvaranas-Guarapuava e Uvaranas-Curitiba”, diz Albach, recordando sua atuação na ferrovia, que se encerrou em 1999.

Hoje ele é pesquisador e entusiasta da preservação da história das ferrovias. Todo ano, ele se reúne com os antigos colegas de trabalho em dois momentos: em abril (pelo Dia do Ferroviário) e em setembro (em comemoração ao início dos trabalhos da RFFSA).

Outros vagões acumulam mato e ferrugem no antigo espaço de manobras – Foto: José Aldinan / DC

Metal do vagão deve ser reciclado

Atualmente, a gestão das ferrovias que cortam a região dos Campos Gerais está a cargo da concessionária RUMO Logística S.A.. A reportagem do DC contatou a empresa para saber qual deve ser o destino do vagão pagador, que permanece no pátio da oficina, como que esperando manutenção.

Em nota, a assessoria de imprensa da concessionária informou que “não tem informações detalhadas do vagão, já que diversos pertenciam à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). Com a extinção do contrato de arrendamento, esses bens estão sendo reciclados”.

Confira o local desta reportagem:

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