Acontece em Ponta Grossa o projeto social “Música para Todos”, desenvolvido pelo músico e professor Ricardo Corrêa em parceria com a Vara da Infância e Juventude de Ponta Grossa, produzido pela ABC Projetos e viabilizado através de edital da Lei Paulo Gustavo, pela SEEC – Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. A ação leva aulas de música instrumental a crianças e adolescentes em medida protetiva, medida socioeducativa ou em situação de risco, amparados por instituições sociais. O projeto é desenvolvido desde 2016 de forma ininterrupta, mesmo durante a pandemia. Na edição deste ano, 90 alunos entre 8 e 17 anos são beneficiados pelas aulas de música.
Ministradas pelos professores Ricardo Corrêa e Gizele Leite, as aulas acontecem semanalmente em sala cedida pelo Conservatório Musical Maestro Paulino ou nas próprias instituições contempladas. Indicadas de acordo com questões sociais, de interesse e disponibilidade pela Vara da Infância e da Juventude, as instituições que participam desta edição do projeto são: Irmãos Cavanis, Associação Reviver, Francisclara – Resgate da Criança e da Família, Casa Lar, Instituto João XXIII, Centro Social Casa do Piá e Centro de Convivência Nossa Senhora de Fátima.
Durante as aulas, de maneira didática e introdutória, os professores abordam os principais fundamentos teóricos da música, como harmonia, melodia e ritmo. Paralelamente é incentivada a prática instrumental, que transita por uma gama de instrumentos, ando por percussão, bateria, flauta doce, teclado, violão, guitarra e contrabaixo elétrico. Visando maior aproveitamento dos conteúdos, os professores desenvolveram, para esta edição, um livro didático que acompanha os alunos durante o curso.
Corrêa defende que a música deveria ser abordada juntamente de disciplinas de ensino básico, como matemática e português, em um cenário ideal. Ele acredita que, quando iniciada desde a infância, a percepção musical se torna aguçada e facilita o processo de conhecimento dos instrumentos para a posteridade e, portanto, enfatiza a relevância do projeto para oferecer esse contato a jovens que dificilmente conseguiriam tê-lo. “Isso vai trazer para a criança uma perspectiva de uma linguagem diferente, que é a linguagem musical. A ideia do Música para Todos é justamente essa: criar a percepção do ouvido musical, para eles aprenderem o beabá da música”, alega o professor.
Além do aprendizado musical e do o à produção artística, o projeto tem se mostrado eficiente no processo de sensibilização e socialização das crianças e adolescentes. Orlando Luiz Kossobuski, aluno da Guarda Mirim (Instituto Educacional Duque de Caxias), participa do projeto desde o início do ano e aguarda ansioso pelas aulas, que acontecem uma vez na semana. O adolescente de 14 anos teve seu primeiro contato com os diversos instrumentos através do projeto. “As aulas incentivam as pessoas a gostarem mais da música, a quererem aprender mais. Eu acho legal vir aqui, aprender com a professora, desenvolver, conversar, interagir”, conta o jovem.
Segundo Ricardo Corrêa, enquanto linguagem universal, a música facilita a integração e coesão grupal, além de promover o desenvolvimento de sentimentos como a empatia. A prática instrumental é capaz de estimular processos de atenção, concentração, raciocínio lógico e matemático, coordenação motora, aumento de sensibilidade auditiva, entre outras vantagens que, de acordo com o professor, poderão ser um diferencial na reintegração social desses grupos.
Além disso, a música pode ser um contribuinte na detecção de comportamentos e sentimentos que, muitas vezes, não aparecem na fala das crianças, especialmente as que se encontram em situação vulnerável, como defende a educadora social Edilaine Mathias, da Guarda Mirim. “Elas estão tocando e eu sempre estou observando. Tem algumas crianças que são mais difíceis de falar o que estão ando e, através da música, do instrumento musical, elas se expressam”, alega a educadora.
Festival Música para Todos
De forma inédita, neste ano também acontecerá o Festival Música para Todos, integrando a programação da Semana da Criança e do Adolescente no Judiciário. Além dos alunos, o Festival contará com a participação especial de outros grupos musicais como fanfarras, bandas e corais, formados por crianças e adolescentes ligados a outras instituições.
Dessa forma, o projeto busca a integração e o protagonismo infantojuvenil entre jovens que tenham a música como eixo de formação e socialização. “O evento contribui para que alunos do projeto possam compartilhar seus aprendizados, sentir-se valorizados e estimulados na sociabilidade”, garante o professor Ricardo Corrêa. O evento acontece em outubro deste ano e será aberto ao público.
(Das assessorias)
