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Pesquisas da UEPG apontam desafios da sociedade em relação às mães

Foto: Divulgação/Letícia Navarro/UEPG

Pesquisas realizadas na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) confirmam os desafios da sociedade em relação às mães. Um deles pelo trabalho invisível e não remunerado realizado diariamente nos lares. Já outro estudo destaca como a falta de vagas para os filhos nas creches mantém o ciclo de violência doméstica.

Trabalho invisível

Um dos estudos foi feito pela bacharel em Direito Letycia Martins, com 223 participantes da comunidade feminina da UEPG. A pesquisa revelou a persistente desigualdade de gênero na divisão do trabalho doméstico e de cuidado. A investigação ouviu alunas, professoras, servidoras e funcionárias terceirizadas sobre suas experiências relacionadas ao trabalho, estudo e qualidade de vida.

Letycia, que cresceu em Tibagi observando sua mãe realizar tarefas domésticas sem reconhecimento ou descanso, decidiu investigar o tema após enfrentar dificuldades para conciliar estudos e responsabilidades domésticas ao se mudar para Ponta Grossa.

“Isso me fez refletir sobre como essa sobrecarga é normalizada e como milhões de mulheres am a vida cuidando de tudo e de todos, sem que seu trabalho seja valorizado”, disse.

Letycia Martins / Foto: Arquivo Pessoal

Orientada pela professora Maria Cristina Rauch Baranoski, a pesquisa reforçou a ideia de que o trabalho de cuidado é fundamental para a sociedade, mas ainda é tratado como obrigação natural das mulheres.

Os resultados evidenciam que essa sobrecarga afeta diretamente a saúde mental das mulheres, suas oportunidades profissionais e sua qualidade de vida. Segundo Letycia, é necessário reconhecer e valorizar o trabalho feminino além do âmbito familiar, combatendo a desigualdade que se manifesta na divisão do trabalho doméstico e de cuidado.

Falta de vagas e violência doméstica

Outra pesquisa da UEPG, também na área do Direito, aponta a relação entre a falta de vagas nas creches e o ciclo da violência doméstica. O estudo da mestranda Hellen Kostiuresko analisa a relação entre as vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e a emancipação financeira de mulheres em situação de violência doméstica em Ponta Grossa.

Hellen aplicou questionários a três grupos: mulheres atendidas pela Patrulha Maria da Penha, profissionais e servidores envolvidos na patrulha, além de gestores e educadores dos CMEIs. A coleta de dados incluiu informações quantitativas — como faixa etária das mulheres, número de vagas disponíveis, filas de espera, tempo médio de espera, impacto do o às creches na jornada de trabalho e ocupação profissional — além de relatos sobre as dificuldades enfrentadas por essas mães.

Hellen Kostiuresko / Foto: Arquivo Pessoal

Desafios para as mães

A pesquisa revelou desafios importantes, como a insuficiência de vagas nos CMEIs, burocracia no processo de matrícula e a ausência de políticas específicas que priorizem mulheres vítimas de violência na fila por uma vaga. Além disso, identificou-se a falta de protocolos claros nas escolas para lidar com situações envolvendo mães em situação de violência doméstica.

Os resultados reforçam a importância do o à educação infantil como ferramenta para promover autonomia e liberdade às mulheres que enfrentam violência doméstica, destacando a necessidade de melhorias nas políticas públicas para garantir esse direito fundamental.

“As vagas nos CMEIs são fundamentais para a emancipação financeira dessas mulheres, pois permitem que elas ingressem ou permaneçam no mercado de trabalho, aumentem sua carga horária profissional e, consequentemente, tenham maior autonomia econômica para se afastarem do ciclo de violência”, resume a pesquisadora.

Texto elaborado com informações da Assessoria de Comunicação da UEPG

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