Há pouco mais de dez anos, o Paraná implantava o sistema de monitoramento de presos por meio de tornozeleiras eletrônicas. Em Ponta Grossa, o dispositivo começou a ser utilizado em outubro de 2014, com o monitoramento de aproximadamente 100 presos do regime semiaberto.
Hoje, o Paraná é o estado com o maior número de pessoas monitoradas por meio de tornozeleira eletrônica. Atualmente, a Polícia Penal acompanha 18.217 pessoas com o dispositivo. Deste total, 16.006 são homens e 2.211, mulheres.
Ponta Grossa
Na regional de Ponta Grossa, segundo informou a Polícia Penal ao Diário dos Campos, são 1.455 pessoas nas ruas usando tornozeleira eletrônica: 1.303 homens e 152 mulheres. O número é 42% maior que o registrado em agosto de 2022, quando 1.089 pessoas eram monitoradas.
Além das penitenciárias e cadeias sediadas na cidade, também integram a regional unidades de Jaguariaíva, Lapa, Wenceslau Braz, Telêmaco Borba, Sengés, Ortigueira, Arapoti e Castro.
Superlotação no sistema carcerário
Criado em 2014 por um decreto estadual, o monitoramento de pessoas com tornozeleiras eletrônicas tem como objetivos oferecer oportunidade de ressocialização, por meio do trabalho e da convivência social, e aliviar a superlotação no sistema prisional do Paraná.
De acordo com o Mapa Carcerário (dados de 19/05/2025), em todo o estado, a superlotação chega a 12.107: são 29.382 vagas e hoje há 41.489 pessoas presas.
Na regional de Ponta Grossa, o número de encarcerados é 53% maior que a capacidade oferecida. A região tem 2.278 vagas para presos, mas o sistema abriga hoje 3,5 mil – 1.222 a mais. Os dados do Mapa Carcerário são atualizados diariamente pela Polícia Penal.
Crimes cometidos
Os crimes mais comuns cometidos por presos que recebem a tornozeleira eletrônica, segundo a Polícia Penal, são homicídio, furto, roubo, estupro de vulnerável e tráfico de drogas. Quem decide quais presos podem ou não ser beneficiados com o monitoramento eletrônico à distância é a Justiça, por meio da Vara de Execuções Penais.
Tornozelados no cotidiano
Citando um exemplo pessoal, o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Ponta Grossa (Conseg), Elidio Carlos Curi de Macedo, observa com cautela o uso das tornozeleiras eletrônicas. Ele revela que o imóvel de um familiar seu já foi invadido por uma pessoa que usava a tornozeleira eletrônica, mas que tinha desligado o equipamento. “Muitos dos presos que usam tornozeleiras eletrônicas voltam a cometer crimes como furtos, roubos, tráfico drogas, são usuários de drogas”, comenta.
Elidio cita ainda outra preocupação, uma espécie de chantagem que os presos monitorados fazem quando voltam a cometer crimes. “Eles mostram a tornozeleira para ameaçar a vítima”, diz. Na opinião do presidente do Conseg, o monitoramento à distância deveria ser mais rigoroso, com leis mais rígidas.
Regras para o uso das tornozeleiras
Ao ser inserido no sistema de monitoramento por tornozeleira eletrônica, o preso recebe uma série de instruções que devem ser seguidas à risca. Em caso de descumprimento, ele pode voltar imediatamente para trás das grades.
De acordo com a Polícia Penal, os descumprimentos das regras podem ser classificados como leves ou graves. Infrações leves, como ultraar o limite geográfico de circulação, podem ser justificadas pelo monitorado. Já as graves, como a violação da tornozeleira, envelopamento do equipamento ou término intencional de bateria, podem resultar na regressão imediata do regime, conforme avaliação judicial.