O Sul do Brasil está na rota de um ciclone extratropical que começa a provocar alterações significativas no clima. O fenômeno meteorológico deve trazer chuvas intensas, ventos fortes e risco de alagamentos, principalmente no Paraná e Santa Catarina. Mas, afinal, o que caracteriza esse tipo de fenômeno?
O que é um ciclone extratropical?
O ciclone extratropical é um sistema de baixa pressão que se forma em regiões de latitudes médias e é associado a frentes frias, provocando mudanças bruscas no tempo. Ao contrário dos ciclones tropicais, que se desenvolvem sobre águas quentes, os extratropicais surgem em áreas onde há grande contraste de temperatura entre massas de ar quentes e frias.
Dessa forma, esse tipo de sistema pode causar ventos intensos, chuvas volumosas, quedas de temperatura e, em alguns casos, tempestades com granizo e até tornados. Por ocorrerem com frequência nas estações mais frias, os ciclones extratropicais são monitorados constantemente por meteorologistas devido ao seu potencial destrutivo.
Diante dessa definição, é importante compreender os efeitos práticos do fenômeno no território brasileiro.
Entenda os impactos no Sul do país
Com a chegada do ciclone extratropical, o Sul do Brasil deve enfrentar dias de instabilidade intensa. Segundo o Climatempo, o fenômeno afetará principalmente o Paraná, o norte de Santa Catarina e também o leste de Mato Grosso do Sul. As regiões mais afetadas terão chuvas fortes e contínuas, com risco de alagamentos, deslizamentos e transtornos no trânsito urbano.
Além disso, na quinta-feira (24), o cenário se agrava, com previsão de tempestades no centro-sul do Paraná e áreas vizinhas. A combinação do ciclone com uma área de baixa pressão no Paraguai e o forte transporte de umidade da faixa norte do continente amplia ainda mais o volume de precipitações, como alerta o meteorologista Guilherme Borges.
“Essa combinação também vai favorecer o cenário chuvoso sobre todo o estado do Paraná, para esta quinta-feira (24) o destaque fica principalmente para essa instabilidade com previsão de tempestade”, diz Borges.
Nesse contexto, é fundamental observar os riscos imediatos que podem afetar diretamente a população.
Riscos imediatos: ventania, alagamentos e cortes de energia
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta para a possibilidade de ventos que podem ultraar os 100 km/h em diversas regiões do Paraná. A intensidade dos ventos representa risco de queda de árvores, galhos, postes de energia e placas, além de danos estruturais em imóveis.
Paralelamente, outro ponto de preocupação são os alagamentos causados pelo grande volume de chuva em um curto espaço de tempo.
Além dos transtornos físicos, há também risco de interrupção no fornecimento de energia elétrica, devido à queda de árvores e rompimento de cabos, além da ocorrência de descargas elétricas (raios) durante as tempestades.
Com isso em mente, o olhar também se volta para os próximos dias.
Ciclone extratropical traz fortes chuvas
Além do risco de ventania, são esperados acumulados de chuva elevados por causa do ciclone extratropical. Na sexta-feira (25), a chuva diminui no Sul do Brasil e em Mato Grosso do Sul, mas continua no estado de São Paulo.
O risco de ventania e queda de granizo diminui mas o volume de chuva aumenta nas faixas leste e norte de São Paulo, inclusive a capital paulista.
Veja como se proteger durante o ciclone extratropical
A Defesa Civil do Paraná alerta e dá dicas de como se proteger em diversos eventos meteorológicos.
Ventania:
- Procure um abrigo o mais rápido possível, e não saia até que o vendaval pare.
- Se notar o risco de desabamento do telhado, saia do local e comunique o risco, inclusive às autoridades.
- Revise a resistência de sua casa, principalmente o madeiramento de apoio do telhado e a amarração das telhas no madeiramento, se tiver.
- Guarda-chuvas podem atrapalhar o deslocamento, evite utilizar estes materiais ao se locomover em ventos fortes.
- Não se abrigue embaixo de árvores ou coberturas metálicas frágeis, elas podem cair e causar ferimentos.
- Se precisar se deslocar, diminua ao máximo seu atrito com o vento.
- No carro, se possível, estacione o veículo em local seguro e espere o vento forte ar.
- Se necessário, e possível, entre em uma edificação.
- Não estacione o carro próximo a torres de transmissão e placas de propagandas.
- Se não for possível estacionar, diminua a velocidade e procure um local seguro para estacionar assim que possível, pois o vento pode desestabilizar a direção do veículo.
Granizo:
- Permaneça abrigado e não saia até que a chuva de granizo pare.
- Em hipótese alguma suba em telhados molhados. Os reparos devem ser feitos por pessoal especializado e com segurança para evitar quedas.
- Se notar o risco de desabamento do telhado, saia do local e comunique o risco, inclusive às autoridades.
- Fique atento à ocorrência de trovoadas e evite estar sobre ou próximo a estruturas metálicas.
- Cuidado ao se deslocar, pois o granizo deixa o piso escorregadio, podendo causar quedas.
- Se possível, estacione o veículo em local seguro e espere a chuva de granizo ar.
- Não estacione o carro próximo a torres de transmissão e placas de propagandas.
- Permaneça dentro do veículo até o término da queda de granizo, e, se houver algum papelão no carro, use-o para forrar o para-brisa por dentro, evitando que, em caso de quebra, os cacos possam atingir os ocupantes.
Alagamento:
- Não deixe crianças brincarem nas águas de inundações, alagamento e enxurradas. Além de vários perigos, elas poderão estar contaminadas.
- Caso perceba que o volume de água está subindo, ameaçando seus bens, eleve os objetos. Mas atenção! Somente faça isso se não houver riscos.
- Se, por algum motivo, ficar ilhado, ligue 193 – Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil pelo 199.
- Proteja-se em locais elevados até a água baixar.
- Fique atento às informações das rádios.
- Estando em veículo, se possível, estacione em um local elevado e espere a água baixar.
- Não fique próximo a caminhões ou ônibus. Veículos de grande porte provocam ondas que podem alagar o seu carro e fazer com que perca o controle da direção.
- Não pare o carro próximo a árvores ou postes.
- Evite atravessar áreas alagadas, só faça isso se for realmente necessário. Se precisar fazê-lo, atente para o seguinte:
- Não tente atravessar vias com água acima da metade da roda (observe outros carros) e mantenha sempre a rota da rua sem fazer desvios, evitando buracos escondidos na margem.
- Se precisar atravessar um local alagado: ande em 1° marcha e devagar sem jamais trocar de marcha dentro d’água, mantendo a aceleração constante, por volta dos 2.500 giros, para evitar que entre água pelo escapamento e o carro apague.
- Mantenha distância do carro da frente, pois, se o mesmo apagar, você tem a opção de fazer uma rota alternativa.
- Se o carro morrer, não tente fazê-lo pegar. Solicite ajuda e, se possível, retire-o do local onde está parado, para que a água não entre no veículo causando panes.
Tempestade de raios:
- Busque refúgio no interior de edifícios.
- Durante as tempestades fique em casa e saia somente se for absolutamente necessário.
- Não retire nem coloque roupa em estendedores (varais) de arame durante a tempestade.
- Mantenha-se afastado e não trabalhe em cercas, alambrados, linha telefônicas ou elétricas e estruturas metálicas.
- Não manipule materiais inflamáveis em recipientes abertos.
- Não operar tratores ou máquinas, especialmente, para rebocar equipamentos metálicos.
- Se você estiver viajando permaneça dentro do automóvel; os automóveis oferecem uma excelente proteção contra raios.
- Evite áreas altas, busque refúgio em lugares baixos.
- Não solte pipa e não carregue objetos como canos e varas.
- Mantenha-se longe de árvores isoladas.
- Não fique em áreas abertas como praias, piscinas, estacionamentos ou campos de futebol.
- Em casa, permaneça longe de portas e janelas.
- Durante uma tempestade, não utilize aparelhos eletrodomésticos, mantenha-os desligados das tomadas e, também, desconecte da antena externa o televisor, assim você estará reduzindo danos.
- Evite utilizar equipamentos ligados à rede elétrica ou telefônica.
- Ao sentir carga elétrica em seu corpo (caracterizada por eriçamento do cabelo e formigamento da pele) jogue-se ao chão.
- Preste atenção à previsão do tempo para o princípio e fim da tarde, quando ocorre a maioria das trovoadas.
- Tenha um plano de fuga para qualquer atividade ao ar livre e afaste-se dos cumes das montanhas antes do meio-dia.
- Se tiver de fazer uma longa travessia de barco, tenha especial atenção. As embarcações são lugares expostos.
*As informações são do portal Ric.com, parceiro de conteúdo do Diário dos Campos.