Os primeiros dispositivos para medir o tempo surgiram cerca de 3.500 anos antes de Cristo. Eram dispositivos que mediam a agem do dia através do movimento do sol no firmamento e eram chamados relógios solares. Os primeiros surgiram no antigo Egito.
A necessidade de instrumentos que possibilitassem padronizar a medida do tempo, independente da presença de dias ensolarados, exigiu que se projetasse mecanismos que baseados no movimento do sol registrassem essa informação com precisão. Surgiram, com o ar dos tempos, as ampulhetas, relógios de água, de fogo, etc.

Assim, de modo resumido, por volta do século XI, com a concentração cada vez maior das pessoas em centros urbanos, a exigência de dispositivos que informassem a população dos períodos do dia com maior precisão se tornou importante devido às relações dinâmicas das atividades.
No século XIII, na região da atual Alemanha, surgiram os primeiros artefatos mecânicos, bastante rudimentares, movidos à pêndulos ou cordas. Isso possibilitou no final da Idade Média a popularização da instalação de relógios em torres de igrejas e prédios públicos. Tal fato ou a ser sinal de riqueza e desenvolvimento da sociedade que habitava essas cidades. Os relógios, mais precisos, acionavam sinos ou mecanismos que tocavam música, marcando as horas do dia. No século XIX a presença de relógios públicos nas cidades era uma constante e denotava avanço tecnológico, além de capacidade econômica.
No Brasil foi no final do século XIX que apareceram os primeiros relógios instalados em torres de igreja e só no início do século XX que o costume se popularizou.
Os relógios de Ponta Grossa
Em Ponta Grossa, demonstrando o grande progresso que a cidade tinha no início do século XX, a cobrança pela instalação de um relógio na Matriz mostrou que a cidade era consciente dos avanços urbanísticos das metrópoles.

E se não foi instalado um relógio na antiga Matriz, tal como pedia a nota publicada no Diário dos Campos, foi instalado um na torre da Santa Casa de Misericórdia. Foi adquirido em 1920 e instalado na torre no ano de 1923, conforme pesquisa de Paulo Roberto Hilgenberg. Era um relógio com carrilhão, que marcava os horários das atividades da instituição e ao mesmo tempo da população.

Além dele, nos anos subsequentes, a cidade ganhou relógios que foram incorporados em construções que apresentavam relevância nas atividades do dia-a-dia da população, como a Estação Ferroviária, o Hospital 26 de Outubro e o Corpo de Bombeiros. Já outros, como o relógio da Igreja do Rosário, nunca foram concretizados.

Se por um lado esses relógios surgiam como necessidade da população ter noção do tempo, por outro a instalação de relógios em prédios que não eram públicos acabavam por ser uma peça de marketing, pois ao olhar para a fachada do prédio para ver as horas as pessoas acabavam por fixar o nome da empresa. Aqui em Ponta Grossa ainda tínhamos um bom exemplo disso, que era o relógio da fachada de uma joalheria centenária, na Rua XV de Novembro. Quando fui fotografar para ilustrar a matéria, surpresa! Não está mais lá.

A maioria desses relógios caíram em decadência com o ar do tempo, tal como se observa na torre do antigo 26 de Outubro, porém recentemente o relógio da Santa Casa foi restaurado e voltou a tocar seu carrilhão, tornando-se uma atração ouvida quarteirões de distância.
A evolução dos relógios, de simples instrumentos solares até os dias atuais, em que assumiram o símbolo de estilo e tecnologia, reflete o caminho inovador da humanidade.

*Nota do editor: a cidade também contou com totens com relógios que apresentavam o horário e temperatura, muito populares nos anos 1990. Recentemente, alguns aparelhos similares voltaram a ser instalados, em parceria entre a Prefeitura de Ponta Grossa e instituição financeira. Alguns deles encontram-se em pontos estratégicos de grande movimentação de pessoas e veículos.
** Texto originalmente publicado na coluna Sherlock Holmes Cultura da edição impressa do Diário dos Campos de 23 de abril de 2025