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A chegada dos imigrantes na região de Ponta Grossa

Em meados do século XX, a Princesa dos Campos já era uma pequena metrópole cosmopolita interiorana. Metrópole, porque desde sua origem sempre foi um dos principais centros proporcionadores da integração socioeconômica da vida sulina. Ponto de trânsito de muitas das importantes riquezas estaduais: tropeirismo, pecuária, erva-mate, madeira e agricultura. Ponta Grossa acostumou-se a prosperar como tronco rodoferroviário.

Cosmopolita, porque em seu bojo aglutinaram-se muitas terras distantes. O primeiro grande contingente de estrangeiros orientados oficialmente para estes campos foram  os russo-alemães, provenientes da margem direita do rio Volga. Foram conduzidos para estas plagas nos anos de 1877 e 1878 por iniciativa do Imperador D. Pedro II.

Aqui foi criada a Colônia Octávio, constituída por 17 núcleos espalhados pelo município: Itaiacoca, Rio Verde, Dona Luiza, Uvaranas, Guaraúna, Moema, Tavares Bastos, Taquari, Dona Adelaide, Floresta, Eurídice, Trindade, Guaraúninha, Tibagy, Santa Rita, Botuquara e Santa Matilde.

As dificuldades dos imigrantes

Infelizmente, por diversos motivos entre eles a má qualidade do solo, muitos daqueles primeiros imigrantes desgostaram-se dos seus lotes e mudaram-se para a cidade ou emigraram para outros países, em particular para a Argentina. Esse êxodo emigratório motivou, em 1880, a visita a Ponta Grossa de D. Pedro II que, acompanhado da Imperatriz Dona Tereza Cristina, veio pessoalmente verificar a situação dos russo-alemães.

A despeito do fracasso das primeiras colônias, o governo estadual não desanimou e continuou estimulando a imigração. Assim os lotes que haviam sido abandonados na Colônia Otávio acabaram sendo reocupados.

Vieram para Ponta Grossa poloneses, ucranianos, italianos, sírio-libaneses e outros. Já em tempos mais recentes, chegaram os russo-brancos, os japoneses e os coreanos.

Os imigrantes dedicaram-se aos trabalhos da lavoura, às profissões liberais, à carpintaria, à ferraria, à padaria, à construção e ao comércio em geral. Adaptaram-se. Miscigenaram-se. Colaboraram para transformar a feição circunspecta da população primitiva. Diversificaram o trabalho. Enriqueceram a paisagem dos campos com os magníficos carroções tracionados por quatro parelhas de animais. Enfim, participaram e contribuíram para que chegássemos ao que somos hoje.

* Maria Lourdes é professora e pesquisadora formada em História pela Faculdade de Filosofia de Ciências e Letras de Ponta Grossa e tem diversas obras editadas. É membro do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense, do Centro Cultural Prof. Faris Michaele e é fundadora da cadeira 37 da Academia de Letras dos Campos Gerais. Este texto integra a obra “Ponta Grossa, um pouco de história”, publicado em 1985.

**Ilustra este texto a planta da Colônia Octávio, mostrando a posição dos 17 núcleos coloniais, no município de Ponta Grossa. É um trabalho original desenhado por Carlos Mendes Fontes Neto, baseado na planta original existente no antigo Departamento de Geografia e Colonização do Estado do Paraná.

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