Bebês reborn: essa é a bola da vez! Que mundo estamos construindo em que percebemos a troca do mundo real pelo artificial e pelo virtual. É uma forma de fugirmos da realidade, de não estabelecermos vínculos verdadeiros?
Sabemos que “brincar de boneca” na infância é saudável, pois nos desenvolve o simbólico, nos dá voz a partir do outro imaginário. Porém, o qual o significado de humanizarmos o inumano?
Bebês reborn e bebês “não nascidos”
“Logo mais os bebês artificiais ocuparão os balanços das praças, sendo levados para creches, com pagamento de mensalidades, e para exames em hospitais, com a invenção de doenças.
Estamos normalizando o inumano do comportamento. Procura-se uma boneca para dar banho porque não retruca, para alimentar porque não reclama, para cuidar porque não chora.” @carpinejar
Atualmente, o bebê “reborn” ou a fazer parte do cotidiano, das competições para se verificar quem tem o mais “natural”, que fez a festa de aniversário mais concorrida, que o quartinho tem a decoração mais elaborada e se tem até certidão de nascimento.
E os sentimentos, onde ficam? Somos seres de troca, de construção coletiva, nos fazemos nas relações sociais. Essas criaturas irão ter reciprocidade? Que trocas afetivas poderão realizar?
Já estamos tendo as consequencias do isolamento, da polarização que desembocam na ansiedade e na depressão. O amor, o carinho exige reciprocidade, troca e convivência.
Muitos poderão justificar que em alguns contextos essas criaturas poderão ter função terapêutica: como lidar com ninho vazio, perdas, lutos. Porém, é necessário perceber que “há uma linha tênue entre usar um objeto como recurso simbólico e investir nele vínculos substitutivos, principalmente quando a fantasia é reforçada, não questionada.”
Pessoas já namoram máquinas, criam avatares digitais, influencers virtuais e personagens idealizados.
Será que estamos tendo um “delírio em rede?”
Porque reborn, não terão uma fralda mal cheirosa, nem ficarão azedinhos e não chorarão à noite, nos deixando dormir a noite toda!
E nós? Sós!